A reserva de emergência consiste, basicamente, em deixar um dinheiro reservado para ocasiões inesperadas e até para planos de curto prazo, portanto a mesma necessita possuir uma altíssima segurança e liquidez que tragam tranquilidade para o investidor.
Devido à sua importância para a saúde financeira de qualquer pessoa, ela é obrigatória de ser constituída e, de preferência, antes ou durante o processo de iniciar os investimentos propriamente.
O intuito de construir uma reserva de emergência é a de que ela possa ser utilizada para imprevistos que surjam ao longo da vida, sem que seja necessário vender ativos, os quais podem estar em um momento desfavorável, principalmente aqueles pertencentes à renda variável e evitar recorrer a empréstimos que culminem em dívidas infindáveis.
Assim como os investimentos, o ideal é que mensalmente haja um valor destinado para a reserva até que a mesma alcance seu volume ideal, o qual varia de pessoa para pessoa, a depender de uma série de fatores, os quais serão vistos mais adiante.
Quando pensamos em emergências, estamos falando de eventos que não estavam dentro do esperado e, portanto, devemos ter um excesso de cautela afim de provisionar um valor adequado para tais situações.
Conforme mencionado no primeiro parágrafo deste artigo, o investimento no qual a reserva de emergência será constituída deve ser seguro e possuir liquidez diária para que esteja acessível a qualquer momento. Sendo assim, o investimento mais adequado que atende a esses critérios é o Tesouro Selic.
O Tesouro Selic é um título público oferecido pelo Tesouro Nacional, por meio do programa do Tesouro Direto. Ele é o investimento mais seguro do país, pois o mesmo é emitido pelo governo, o qual assegura a obrigatoriedade de recompra do título, caso o investidor queira vendê-lo a qualquer momento, garantindo assim sua liquidez diária. Além disso, é possível investir no Tesouro Selic com um valor próximo a R$30, o que o torna acessível para a maioria das pessoas.
Investindo no Tesouro Selic, o investidor estará alocando em um título posfixado indexado à taxa de juros básica da economia, a Selic, portanto terá um rendimento mais elevado que o da poupança e contará com uma segurança muito maior que a mesma.
Você já pode ter ouvido falar que a reserva de emergência deve ser provisionada baseada no valor médio mensal de gastos que você tenha, sendo que, caso possua um trabalho com carteira assinada dentro do regime da CLT, sua reserva deveria ser equivalente a 6 meses dos seus gastos e caso seja um profissional autônomo e/ou empreendedor, sua reserva deveria equivaler a 12 meses dos seus gastos. No entanto, pensar dessa forma é um tanto raso e superficial e não assegura ao investidor uma assertividade quanto ao correto dimensionamento da reserva de emergência.
Desta forma, afim de chegar a um valor mais acurado, elaborei um questionário que aborda diversos aspectos que devem ser considerados e que podem gerar variação na correta mensuração da reserva de emergência, diminuindo ou aumentando a quantidade de meses necessários, baseado nas respostas dadas.
1) Você possui alguma dívida pendente? Se sim, qual o tamanho dela e qual a taxa de juros associada a ela?
2) Você possui algum ativo ou outro bem material que esteja sendo financiado (casa, apartamento, carro, moto etc)? Se sim, quanto falta para ser pago e qual a taxa de juros associada a ele?
3) Você possui planos de realização a curto prazo? Se sim, qual seria o valor desse gasto/investimento? Exemplos: comprar um bem material de valor relevante, fazer uma viagem, fazer um curso ou uma faculdade etc.
4) Você mora sozinho(a) ou divide moradia com outras pessoas? Caso divida com uma ou mais pessoas, como funciona a divisão do pagamento das contas?
5) Você possui filhos(as), cônjuge e/ou outras pessoas que dependam de você? Se sim, quantos são e qual o valor médio mensal de gastos com cada um deles?
6) Qual é o seu valor médio mensal de gastos? Em relação ao seu ganho mensal, quanto esse valor representa, aproximadamente, em termos percentuais? Há a possibilidade da redução de algum(ns) do(s) gasto(s) sem que isso afete sua qualidade de vida ou de seu(s) dependente(s) (se houver)?
7) Você possui convênio médico? Caso não, há algum plano de contingência para situações que exijam gastos elevados como: internação, cirurgia, ou tratamento em decorrência de algum acidente ou outra eventualidade que possa ocorrer?
8) Quantas fontes de renda você possui? Quais delas são fixas e quais são variáveis? Quais são ativas e quais são passivas? Qual é a chance do recebimento de alguma dessas fontes ser interrompido? Qual seria o impacto dessa interrupção?
9) Você teria a quem recorrer em caso de necessidade financeira (parentes ou amigos próximos)?
As respostas a essas perguntas elucidam muitos pontos em relação à correta mensuração da reserva de emergência, contanto que saibam ser avaliados pelo próprio respondente, ou algum profissional da área de finanças pessoais que seja de confiança.
Vale lembrar que o objetivo principal da reserva de emergência não é auferir ganhos e sim de assegurar a preservação patrimonial, munindo o investidor de recursos que possam ser resgatados a qualquer momento para que sejam utilizados em situações emergenciais. Tão logo a reserva seja utilizada parcialmente, ou integralmente, a mesma deve ser reconstituída o mais breve possível com novos aportes.