Ah, o ESG! Esse conjunto de três letrinhas que em tese deveria salvar o planeta, mas que, em 2025, virou o protagonista de um roteiro tão confuso quanto uma novela mexicana com viagens no tempo e diálogos sem sentido. De um lado, empresas e investidores tentam mostrar que são “sustentáveis” (mesmo que, por dentro, continuem emitindo mais carbono do que um churrasco de domingo). Do outro, um exército de haters acusam o ESG de ser um complô globalista para destruir a economia e obrigar todo mundo a andar de bicicleta, por exemplo. Quem nunca se deparou com histórias de uma teoria da conspiração, não é mesmo?
O resultado? Um verdadeiro festival de contradições, hipocrisias e decisões tão lógicas quanto fritar gelo. Por falar em fritar, estamos com frio no verão e calor no inverno, ultimamente. Quem concorda, respira.
O ESG: Entre o Amor e o Ódio
A ascensão meteórica do ESG no mercado financeiro foi tão rápida que nem deu tempo de ajustar o cinto de segurança. Empresas e investidores de Wall Street, a B3 e até bilionários saíram gritando para todo lado que o futuro dos investimentos é verde, inclusivo e, claro, extremamente lucrativo. A lógica era simples: já que sustentabilidade e responsabilidade social vendem bem, por que não carimbar ESG em tudo?
A questão é que, enquanto isso, a Terra continuou cozinhando em banho-maria.
Os relatórios climáticos e acordos sobre o tema mostram que é imperativo que os países apresentem contribuições mais robustas. Senão, as metas do Acordo de Paris terão a mesma eficiência de uma dieta que começa na segunda-feira e acaba na terça.
Enquanto empresas estampam “carbono neutro” nos rótulos, os oceanos estão tão quentes que o reflexo disso, daria para cozinhar um ovo diretamente de uma sacada de apartamento ou na praia de Copacabana.
Já no Brasil, o ESG foi recebido como um prato de feijoada vegana: alguns devoram sem pensar, enquanto outros desconfiam que tem coisa “errada” no tempero. Algumas empresas realmente estão inovando e buscando práticas mais sustentáveis, mas uma parcela considerável do empresariado vê tudo isso como um obstáculo burocrático digno de um inferno regulatório e de custos maiores que o esperado.
E, claro, temos a ala política. Nos EUA, alguns republicanos tratam o ESG como se fosse um novo comunismo, alegando que ele está destruindo o livre mercado.
No texto ESG Investing: Political Weapon or Financial Revolution?”, Harvard Business Review, 2024 discute-se como critérios financeiros e políticos se tornaram centrais nas decisões de investimento, atraindo tanto apoio quanto críticas.
No Brasil, o debate político também pega fogo. De um lado, há os que promovem programas de reflorestamento. Do outro, tem quem defenda que a Amazônia deve ser explorada com a mesma intensidade de uma Black Friday no Brás.
O Circo dos Certificados ESG
Uma das grandes diversões desse circo é ver empresas disputando selos ESG como se fossem figurinhas raras da Copa do Mundo. Mas nem sempre isso significa alguma coisa. Grandes Corporações conseguem um selo verde enquanto destroem ecossistemas inteiros, e startups com um único vaso de planta na recepção se vendem como “ambientalmente responsáveis”. Um estudo mostrou que mais de 60% dos selos ESG não possuem critérios claros, tornando a certificação algo tão confiável quanto horóscopo de revista.
O estudo The Truth Behind ESG Ratings, MIT Review, 2024 enfatiza a necessidade de maior transparência e de metodologias aprimoradas para que as classificações ESG sejam mais confiáveis e úteis para investidores e outras partes interessadas.
Sejamos sinceros: a sustentabilidade virou uma mercadoria. Empresas anunciam metas para 2050 sabendo que parte, talvez, não estejam lá para cobrar. Investidores fazem relatórios com gráficos bonitos enquanto despejam bilhões em combustíveis fósseis.
E o consumidor? Bom, ele quer fazer sua parte, mas acaba confuso entre comprar um canudo de metal para salvar as tartarugas ou apenas desistir e pedir delivery com 10 camadas de plástico para embalarem sua comida.
A Solução?
A grande ironia de tudo isso é que, enquanto brigamos para definir se o ESG é o salvador ou o vilão do capitalismo, o planeta segue sua própria agenda de colapso. Eventos climáticos extremos estão virando parte do calendário e rotina no mundo todo, infelizmente.
E assim, seguimos, assistindo a debates intermináveis sobre regulação ambiental enquanto furacões, secas históricas e enchentes fazem o trabalho por conta própria.
No ritmo atual, talvez a solução para o dilema do ESG não venha do mercado financeiro, da política ou da tecnologia, mas sim de um velho conhecido da Terra: um evento inesperado climático maior do que já enfrentado. Sim, talvez e, infelizmente, o planeta precise/fará um reboot forçado para mostrar quem está realmente no controle de tudo.
A natureza historicamente já nos provou que é mais forte que nós e todos os eventos que a humanidade já presenciou em grande parte não teve aviso.
Enquanto isso, seguimos comprando sacolas reutilizáveis e esperando o próximo escândalo ESG da semana no meio corporativo. Qual tema você diz que será o próximo!?
Fontes:
- Paris Agreement https://unfccc.int/process-and-meetings/the-paris-agreement , consultado em fevereiro de 2025.
- “ESG Investing: Political Weapon or Financial Revolution?” – Harvard Business Review, 2024.
- “The Truth Behind ESG Ratings” – MIT Review, 2024.
Quem é Ayana Jonas aka AJ: Ayana Jonas é mestre pela PUC-SP em Ciências Contábeis, Controladoria e Finanças, graduada em contabilidade e administração, com ampla experiência no mercado corporativo, além de pós-graduada em Negócios, Controles internos, Contabilidade Forense e possuir diferentes e relevantes certificações como CAMS, DPO, PQO Compliance, CPA-20 entre outras. Detém artigo publicado em capítulo de livro e em revista de contabilidade.
Sua indústria de especialização é em serviços financeiros. Ao longo de sua carreira executiva atuou em diferentes áreas entre auditoria e consultoria ocupando posições seniores. Na temática ESG atua em inclusão feminina na alta administração, além da importância do estabelecimento de grupos de afinidade LGBTQIAPN+, tendo participado de Comitês, painéis, palestras e publicação no gênero.
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