A partir de 26 de maio de 2025, as empresas brasileiras serão obrigadas a identificar e gerenciar riscos psicossociais no ambiente de trabalho, conforme a atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Essa mudança tem como objetivo prevenir transtornos mentais causados por fatores organizacionais e reforçar a responsabilidade das empresas na promoção da saúde mental dos colaboradores.
Esse novo cenário exige um papel ativo das áreas de Governança, Riscos e Compliance (GRC), que precisarão estruturar políticas, controles e mecanismos de monitoramento para garantir a conformidade com as novas exigências.
O que são riscos psicossociais?
Riscos psicossociais estão diretamente ligados à organização do trabalho e às interações interpessoais. Entre os principais fatores que impactam a saúde mental dos colaboradores, destacam-se:
- Sobrecarga de trabalho e metas inatingíveis;
- Jornadas extensas e falta de equilíbrio entre vida pessoal e profissional;
- Falta de suporte e comunicação ineficaz entre líderes e equipes;
- Assédio moral, discriminação e outras formas de comportamento abusivo;
- Falta de autonomia e insegurança no emprego.
Esses fatores podem desencadear estresse, ansiedade, depressão e até levar ao afastamento do trabalho. Em 2024, o Brasil registrou 472 mil afastamentos por transtornos mentais, o maior número da última década.
Como minimizar esses riscos?
Para cumprir as novas exigências e criar um ambiente de trabalho mais seguro e saudável, as empresas precisam adotar medidas concretas, incluindo:
1. Estruturar um programa de governança para riscos psicossociais
A área de GRC e Compliance deve atuar no desenvolvimento de políticas e processos estruturados para identificar, mitigar e monitorar riscos psicossociais. Esse programa precisa incluir:
- Avaliação contínua dos riscos no ambiente de trabalho;
- Treinamentos e campanhas de conscientização para gestores e colaboradores;
- Adoção de métricas e indicadores para mensurar impacto e evolução.
2. Criar mecanismos de monitoramento e canais de denúncia
Os canais de denúncia já utilizados pelas empresas podem se tornar uma ferramenta essencial para a identificação de riscos psicossociais. Para isso, é fundamental que:
- O canal seja confidencial e acessível a todos os colaboradores;
- Haja um fluxo estruturado para investigar denúncias de assédio moral, sobrecarga de trabalho ou práticas abusivas;
- Relatórios periódicos sejam gerados e analisados pelas áreas responsáveis.
3. Fortalecer a investigação interna e o tratamento adequado das denúncias
A investigação corporativa deve ser transparente, ética e técnica, garantindo que as denúncias sejam devidamente apuradas. As áreas de Compliance, Auditoria e Recursos Humanos devem atuar em conjunto para:
- Coletar evidências de forma profissional e imparcial;
- Identificar padrões de comportamento prejudiciais;
- Aplicar medidas corretivas e preventivas para evitar a reincidência de problemas.
4. Engajar a alta liderança e as áreas estratégicas
A governança dos riscos psicossociais não pode ser tratada apenas como um requisito regulatório, mas sim como um fator estratégico para a sustentabilidade dos negócios. Para isso, é fundamental que:
- A alta liderança esteja comprometida e engajada na implementação dessas mudanças;
- O RH trabalhe em parceria com Compliance e GRC para alinhar cultura organizacional e gestão de riscos;
- Empresas estruturem planos de ação robustos e monitorem continuamente a eficácia das iniciativas.
O papel do GRC na transformação do ambiente de trabalho
Com a nova exigência da NR-1, a saúde mental no trabalho passa a ser um tema de governança corporativa. A atuação das áreas de Compliance, Riscos, Auditoria e Controles Internos será essencial para garantir que as organizações não apenas cumpram as novas normas, mas também reforcem sua cultura organizacional para valorizar o bem-estar dos colaboradores.
Dessa forma, as empresas não só reduzirão os riscos de penalidades e processos trabalhistas, mas também aumentarão a produtividade, a retenção de talentos e a reputação no mercado.
A implementação dessas medidas não é uma escolha, mas uma necessidade para empresas que querem ser sustentáveis e competitivas. A cultura organizacional do futuro precisa ser ética, transparente e comprometida com o bem-estar das pessoas. O momento de agir é agora.
Como posso ajudar sua empresa a enfrentar esse desafio?
Sou Vinicius Cassimiro Carvalho, fundador da Democratizando e sócio da Kassy Consultoria, empresa especializada em governança, compliance e investigações corporativas. Ao longo da minha trajetória, tenho auxiliado diversas empresas a estruturar programas de integridade, fortalecer a governança corporativa e mitigar riscos organizacionais, sempre com foco na ética, transparência e sustentabilidade dos negócios.
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