Primeiro de tudo, respire e não pire! Com calma, método e organização, tudo dará certo. Entrar no universo de Sustentabilidade e ESG (Ambiental, Social e Governança) como líder é tanto um privilégio quanto uma grande responsabilidade e um desafio imenso. Você está prestes a se tornar uma peça-chave na transformação da organização. E como a Sustentabilidade não trata apenas do meio ambiente, sua atuação e influência alcançarão as pessoas e a sociedade como um todo. Mas por onde começar? Aqui vão algumas coordenadas não exaustivas, construídas a partir da minha experiência, como contribuição para aqueles que estão iniciando essa caminhada. 1. Entenda o território e mapeie o que já existe A vontade de sair implementando várias iniciativas é incontrolável, eu sei. Mas, antes de tocar projetos e definir metas, é essencial compreender o cenário atual da organização. Independente do porte ou segmento, esse é um passo fundamental para o sucesso das ações futuras. Quais iniciativas de Sustentabilidade e ESG já estão em andamento? Atenção: algumas ações podem existir sem serem reconhecidas como parte dessa agenda, o que aumenta a chance de não serem relatadas. Há programas de reciclagem, políticas de diversidade ou outros esforços alinhados a essa pauta? Como é a governança da organização? Como é a cultura interna? Existem métricas, indicadores e relatórios? Os documentos são importantes, mas vá além deles: converse com diferentes áreas, se possível com representantes de todas, e ouça o que as pessoas têm a dizer. O segredo é ativar as “lentes da curiosidade” e olhar para a organização de forma estratégica, identificando oportunidades e pontos cegos. 2. Busque o ponto de equilíbrio e o que é relevante para o negócio Sustentabilidade e ESG vão muito além de plantar árvores ou fazer doações. Trata-se de alinhar o impacto positivo à estratégia do negócio. Uma das primeiras ações é construir uma matriz de materialidade, ferramenta essencial para entender o que realmente importa para a empresa e seus stakeholders (clientes, investidores, comunidade, colaboradores etc.). Por exemplo, para uma indústria de alimentos, o uso da água e a gestão de resíduos são prioritários. Já uma empresa de telecomunicações precisa considerar a destinação de cabos metálicos e fibra óptica. No setor financeiro, temas como prevenção a fraudes, diversidade e inclusão e ética nos negócios ganham destaque. Como economista, destaco que alinhar essa agenda ao negócio não só aumenta a eficiência e reduz riscos, mas também gera valor no longo prazo. Empresas que cuidam do meio ambiente, das pessoas e da governança operam melhor, evitam multas, fortalecem sua reputação e atraem clientes, investidores e talentos. A integração estratégica faz com que ações de Sustentabilidade e ESG deixem de ser custos ou obrigações e se tornem fontes de inovação e oportunidade. Uma empresa que reduz desperdícios ou investe em energia limpa economiza dinheiro e pode se destacar no mercado. Assim, melhora seus resultados financeiros enquanto contribui para um futuro mais sustentável. Ao longo dessa caminhada, é essencial demonstrar os retornos das iniciativas por meio de indicadores claros e mensuráveis, como redução de custos operacionais (eficiência energética, gestão de resíduos), aumento de receita (consumidores que preferem marcas responsáveis), mitigação de riscos financeiros e reputacionais, além de maior acesso a capital (fundos ESG). Também é possível mensurar impactos na retenção de talentos, inovação e fortalecimento da marca. Quantificar esses retornos é crucial para mostrar o valor gerado, facilitar a comunicação com investidores e embasar decisões estratégicas. Sustentabilidade e ESG não são apenas boas práticas; são impulsionadores de competitividade. 3. Pense grande, mas comece pequeno. Valorize as pequenas vitórias Não tente resolver todos os problemas de uma vez – isso é uma cilada. Em vez disso, escolha iniciativas piloto que gerem resultados rápidos e impactantes. Pode ser um programa de eficiência energética, a estruturação de documentos institucionais, a substituição de plásticos, a implementação da política de papel zero ou uma campanha de conscientização sobre diversidade e inclusão. Esses “quick wins” demonstram o comprometimento da organização, engajam colaboradores e conquistam a confiança dos stakeholders. Além disso, a alta direção precisa ir além de liberar orçamento; deve atuar junto às demais lideranças como pilar estruturante para o sucesso da iniciativa. 4. Construa uma governança forte e alianças – ninguém faz Sustentabilidade e ESG sozinho Para garantir que as iniciativas avancem de forma estruturada, é fundamental estabelecer governança clara e assertiva. Crie comitês ou grupos de trabalho com representantes de diversas áreas, como RH, Financeiro, Compliance, Operações e Comunicação. Defina papéis, responsabilidades e uma agenda de acompanhamento. O mais importante: Sustentabilidade e ESG não podem ser responsabilidade exclusiva de uma área. Devem estar integrados ao dia a dia da organização. 5. Use metodologias, ferramentas e boas práticas Aproveite frameworks já consolidados, como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), GRI (Global Reporting Initiative), SASB (Sustainability Accounting Standards Board), TCFD (Task Force on Climate-related Financial Disclosures), normas IFRS e ISO. Ferramentas como análise de ciclo de vida (ACV), gestão Lean e benchmarks com líderes do setor ajudam a alinhar estratégias às melhores práticas. Para estruturar as iniciativas, desmembre tudo em planos de ação e pequenos projetos. Nesse momento, sua habilidade de gestão de projetos será essencial. Utilizar inteligência artificial, BI (Business Intelligence) e até o Excel podem fazer a diferença. 6. Valorize as pessoas – elas são o coração da agenda ESG No centro de qualquer iniciativa ESG estão as pessoas: equipe interna, comunidades, clientes, acionistas. Todos desempenham um papel fundamental no sucesso das estratégias. Invista em capacitação, crie canais de escuta ativa e valorize o engajamento. Pessoas bem informadas e motivadas transformam boas intenções em resultados extraordinários. 7. Comunique e celebre os resultados De que adianta um trabalho incrível se ninguém sabe dele? Reporte avanços, mesmo que pequenos, de forma transparente e autêntica. Utilize relatórios simplificados, redes sociais e eventos internos para compartilhar as conquistas, que são de todos. E não se esqueça de celebrar! Cada conquista, por menor que seja, fortalece o engajamento e impulsiona novas iniciativas. 8. Sustentabilidade e ESG é um ciclo, não uma linha de chegada A agenda ESG está em constante evolução. Novos desafios, exigências e