O Dia 25 de Julho marca uma data significativa para celebrar e reconhecer as contribuições das mulheres afrodescendentes da América Latina e Caribe.  Instituído em 1992, durante o 1º Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, no Brasil, também é uma homenagem a Tereza de Benguela, conhecida como ‘Rainha Tereza’, líder do Quilombo de Quariterê no século XVIII, localizado no Vale do Guaporé (MT), este dia não apenas honra a resistência e a luta contra a discriminação racial e de gênero, mas também destaca a importância da diversidade e inclusão nas sociedades contemporâneas.  É uma ocasião para refletir sobre os avanços alcançados e os desafios persistentes enfrentados por mulheres negras em suas jornadas por igualdade, justiça e oportunidades em todos os aspectos da vida, incluindo o ambiente corporativo. A questão da representatividade de gênero e étnica nos ambientes corporativos tem se tornado cada vez mais relevante. No entanto, a presença de mulheres negras em posições de liderança ainda enfrenta significativas barreiras.  Historicamente, as mulheres negras desempenharam papéis fundamentais que frequentemente foram subestimados ou invisibilizados.  Desde os tempos coloniais até os dias atuais, essas líderes têm contribuído significativamente para o desenvolvimento econômico, social e cultural. Tereza de Benguela é um exemplo emblemático no Brasil: líder do Quilombo de Quariterê no século XVIII, no Vale do Guaporé (MT), ela não apenas resistiu à opressão colonial, mas também estabeleceu um sistema de governança que desafiou as normas da época. Além de Tereza de Benguela, outras mulheres negras marcaram a história com suas lideranças inspiradoras, Angela Davis, ativista pelos direitos civis nos Estados Unidos, é reconhecida mundialmente por sua defesa incansável da justiça social e da igualdade racial e Antonieta de Barros, primeira mulher negra a se tornar deputada estadual no Brasil, foi uma voz crucial na luta por direitos civis e igualdade racial. Na música, Aretha Franklin se destacou como uma das maiores cantoras de todos os tempos, usando sua voz poderosa não apenas para entreter, mas também para promover mensagens de empoderamento e resistência e Carolina Maria de Jesus, autora brasileira, ganhou renome internacional com seu livro “Quarto de Despejo”, que revela as duras realidades da vida na favela e se tornou um símbolo de resistência e perseverança. Ao longo dos anos, líderes contemporâneas como Ursula Burns, ex-CEO da Xerox, e Rosalind Brewer, CEO da Walgreens Boots Alliance, têm continuado a tradição de excelência e liderança de mulheres negras em posições de destaque no mundo corporativo global.  Mas para destaque dessa reflexão gostaria de trazer a trajetória de Rachel Maia, mulher negra, conhecida por sua trajetória como Fundadora e CEO da RM Cia 360, uma empresa focada em Impacto Social e Ambiental. Sua experiência anterior inclui passagens como CEO de empresas renomadas como Lacoste, Pandora e Tiffany & Co., onde deixou sua marca não apenas pela gestão eficaz, mas também pela promoção de práticas sustentáveis e inclusivas. Atualmente, Rachel Maia exerce papéis de destaque no mundo corporativo e na sociedade civil. Ela é Presidente do Conselho de Administração do Pacto Global Brasil, Conselheira Independente na Vale e Conselheira Consultiva no Grupo Mulheres do Brasil, AlmaViva e MyTS. Além disso, coordena o Comitê de Sustentabilidade da Vale e é membro ativo dos Comitês de Sustentabilidade e Auditoria no Banco do Brasil e Pacto Global, respectivamente. Seu compromisso com a sustentabilidade e governança reflete-se também em sua participação no Comitê de Pessoas no Banco do Brasil. Rachel Maia é um exemplo inspirador de liderança que não apenas alcançou sucesso pessoal significativo, mas também utiliza sua influência para promover mudanças positivas tanto no setor privado quanto nas questões sociais e ambientais. Sua dedicação exemplar ilustra o poder transformador de líderes comprometidos com a diversidade, sustentabilidade e responsabilidade corporativa. Sua trajetória não apenas inspira, mas também demonstram os benefícios de uma liderança diversificada e inclusiva para empresas e sociedades como um todo. Mas, apesar dos avanços observados em diversas áreas, as mulheres negras continuam a enfrentar desafios significativos e únicos no ambiente corporativo.  O racismo estrutural, a falta de oportunidades de desenvolvimento adequadas e os estereótipos persistentes são algumas das barreiras cruciais que limitam suas possibilidades de avançar para posições de liderança, se manifestando de maneiras sutis e muitas vezes veladas, impactando diretamente a progressão de carreira das mulheres negras.  Mulheres negras frequentemente enfrentam discriminação no recrutamento e seleção, onde suas qualificações podem ser subestimadas ou suas habilidades questionadas com base em estereótipos raciais. Por exemplo, pesquisas mostram que mulheres negras são menos propensas a serem chamadas para entrevistas do que candidatos brancos com qualificações semelhantes, evidenciando um viés sistêmico no processo de contratação. Além disso, uma vez dentro das organizações, mulheres negras muitas vezes enfrentam ambientes de trabalho onde não são vistas como lideranças naturais. Comentários ou microagressões baseadas em estereótipos raciais, como serem rotuladas como “agressivas” por serem assertivas, ou “não se encaixarem na cultura da empresa” devido às suas origens culturais, podem minar sua credibilidade e oportunidades de avanço. A falta de programas eficazes de desenvolvimento e mentoria específicos para mulheres negras também é um problema significativo. Esses programas são essenciais para ajudar no desenvolvimento de habilidades de liderança, expandir redes de contatos e oferecer suporte emocional em um ambiente muitas vezes hostil. A ausência dessas oportunidades adequadas pode deixar as mulheres negras sem acesso às ferramentas necessárias para competir em igualdade de condições com seus colegas. Os estereótipos negativos também desempenham um papel fundamental na limitação das oportunidades de carreira das mulheres negras. Percepções errôneas sobre suas capacidades e potencial, baseadas em estereótipos arraigados de inferioridade, podem resultar em oportunidades de promoção perdidas ou alocadas em funções menos visíveis e estratégicas dentro das organizações. Ou seja, embora haja um crescente reconhecimento da importância da diversidade e inclusão nos locais de trabalho, é crucial que as empresas adotem medidas concretas para combater o racismo estrutural, implementar programas de desenvolvimento inclusivos e criar culturas organizacionais verdadeiramente equitativas.  Mulheres negras em posições de liderança trazem consigo uma diversidade de ideias e insights que podem transformar a forma como a empresa aborda desafios e identifica oportunidades